Site oficial de Cláudio Suenaga, dedicado a pesquisas ufológicas, história, literatura de ficção científica, teorias conspiratórias e temas correlatos.
Minha primeira exposição coletiva teve por título "Transições" e, não por acaso, as duas principais telas que ilustraram o convite tinham por título Transição I e II. Elas praticamente resumiam o conjunto da exposição que, na verdade, reuniu trabalhos executados ao longo de dez anos. Daí a aparente diversidade temática e técnica desta mostra. Manter unidade em telas que foram produzidas em momentos, circunstâncias, estados de espírito diferentes é tarefa muito difícil. Todo o trabalho de criação, a própria vida em si, não é em última instância um eterno processo de transição? Esta justificativa para o título seria suficiente, não saltasse aos olhos as conotações astrológicas do trabalho. Da variedade de temas presentes nos quadros mais antigos – violões, garrafas, máscaras de teatro, gatos – emerge a figura dos peixes. Mesmo para o observador não habituado à simbologia astrológica são óbvias as relações com o próprio signo zodiacal. A astrologia está presente em boa parte do trabalho. O cruzamento dela com a pintura foi acontecendo aos poucos. Curiosamente isto começou quando minha visão da astrologia amadureceu. Embora se fale na mídia esotérica que já estamos na Era de Aquário, na verdade vivemos um momento de transição que ainda vai se arrastar por séculos, onde a humanidade vivenciará intensamente os arquétipos das duas eras. Assim, a credulidade cega e o misticismo de Peixes se alternarão com o pragmatismo aquariano que só aceita o sobrenatural depois de filtrá-lo pela razão. Os profetas que antecederam o cristianismo viveram na era de Áries e seus sonhos eram turvados por visões místicas, nebulosas e tão imprecisas que quase nada tinham a ver com o mundo real e nunca chegaram a se concretizar em tempo e local determinados. Vivenciando o arquétipo das duas eras (de Áries e de Peixes), viam o futuro através da ótica sangüinolenta de Marte, ao mesmo tempo distorcido pelas ilusões de Netuno. Já a era aquariana vêm sendo anunciada por visionários como Júlio Verne, H. G. Wells, Oswald Spengler, Keyserling, etc. Suas visões se concretizaram em curto espaço de tempo e foram, com freqüência, precisas... Conseguiram juntar o talento visionário, profético de Peixes à intuição genial do Aquário. Se, por um lado, vemos indicadores “aquarianos” em nossos tempos – a ciência, a tecnologia, a informática – os indicadores “piscianos” (principalmente os negativos) continuam ainda fortíssimos: irracionalismo, credulidade exacerbada, misticismo barato, superstição, confusão, promiscuidade sexual, busca de paraísos artificiais (o abuso das drogas)... Em todo fim de ciclo vêm à tona o melhor e o pior de cada signo; já os astrólogos antigos diziam que cada final de era é regido por Escorpião. Para uma civilização morrer e dar lugar a outra, ela antes incorpora o arquétipo da autodestruição, representado por este signo temível. Não é isso o que vemos hoje? Nova era? Depois que ressuscitaram fadas, duendes, alquimistas e os velhos gênios e demônios da Cabala sob o rótulo gasto de anjos, melhor seria chamá-la de Nova Velha Era... Os esotéricos de plantão e os místicos de carteirinha estão tentando nos impingir um remake pisciano com o rótulo de New Age.. Mas, o que isso tem a ver com os quadros? Tudo só para explicar a persistência da imagem de peixes comidos pela metade ou prestes a ser devorados por ardilosos gatos. Para mim é uma imagem emblemática dos tempos que vivemos. Nas minhas telas é preciso suspeitar dos peixes que aparecem por inteiro: podem ser falsos e produzidos em Taiwan; são movidos a cordas ou já estão mortos e mantidos em animação suspensa por misteriosas engrenagens. E os gatos? Talvez sejam gatos aquarianos... Às vezes são soturnos, quase sinistros; mas também podem ser irônicos ou capciosos, olhando para fora da tela, para o espectador, procurando a sua cumplicidade ao devorar o peixe...
Bira Câmara (Texto de apresentação da exposição individual realizada em 1997)
Artista gráfico, ilustrador, editor e escritor. Nascido em 1950, em Mayrink-SP. Publicitário, formado pela ESPM. Nos anos 70 e 80 colaborou como ilustrador e cartunista em várias publicações, entre as quais: "Planeta", "Visão", Folha de S. Paulo ("Folhetim"); revistas "Saúde", "Vogue", "Playboy", "Veja SP". Como pintor, além de 3 individuais, participou de várias exposições coletivas nos anos 80/90. Na área de HQ, em parceria com Xalberto e Sian, publicou o álbum "O Paulistano da Glória", uma HQ que tem como cenário a Paulicéia Desvairada. Em 2006 editou o "Jornal do Bibliófilo". Estuda astrologia desde 77, especializando-se na área de pesquisa histórica. Parte dela está sendo publicada na WEB e foi reunida no livro "Histórias da Astrologia". Escreveu também "Salada Mística - A Farsa da Nova Era" (1998, reeditado em 2001) e "A Nova Era - Os Deuses estão de Volta?" (2006), além de "Breviário de Profecias do Fim do Mundo" (2010), "Coletânea de Poetas da Lua e das Estrelas" (2012, seleção e prefácio), "Papas, fatos, lendas e curiosidades" (2013), "Oráculos, Profecias e Adivinhação na Antiguidade" (2016), "Sociedades Secretas e Nova Ordem Mundial" (2019).
Coletivas/Colagem: II MOSTRA DE COLAGEM, Paço das Artes, SP, 1982, COLAGEM EM 31 RÍTMOS, Sesc Pompéia, SP, 1983, CAFÉ COLLAGE, Café Maravilha, SP, 1983, SÃO PAULO EM COLAGENS, Cine Arte 1, SP, 1983, MOSTRA DE COLAGEM, Museu Guido Viaro/Curitiba, 1983, EXPRESSÃO COLAGEM, Biblioteca Mário de Andrade, SP, 1984, EROTISMO NA COLAGEM, Museu da Imagem e do Som, SP, 1985, MOSTRA CAMINHOS DA COLAGEM, Centro Universitário Maria Antonia, SP, 1999 Coletivas/Pintura: IV MOSTRA NOVA, Centro de Artes Shopping News, 1982, FEIRA DE CULTURA BRASILEIRA, Pavilhão da Bienal, 1983, SALÃO DE ARTE SINDICATO/ANO ZERO, organizada pela Associação Profissional dos Artistas Plásticos de SP, 1983, V MOSTRA NOVA, Centro de Artes Shopping News, 1983, XIV SALÃO BUNKIO, Sociedade de Cultura Japonesa, 1985, II PRÊMIO PIRELLI/PINTURA JOVEM, 1985.COLETIVA DE PINTURA - Galeria do SESI/Paulista, 1986, 36 Anos sem MARILYN, exposição comemorativa do nascimento de Marilyn Monroe, Shopping Gávea, Rio, maio/junho de 1998, Parkshopping, Brasília, set./out. de 1998, 1° SALÃO OFICIAL DE ARTES PLÁSTICAS DA CIDADE DE SÃO PAULO, setembro de 1998 Individual/Pintura: “Utile-Futile”/SP, 33 telas em acrílico, 1997 • “Café Jornal”/SP, 27 telas em acrílico, colagens e desenhos, 1998 • “Bar Restaurante Olaria”/SP, 29 telas em acrílico, 1998 • Espaço Cultural do Servidor Público /SP, 2004 • Clube Paineiras do Morumbi /SP, 2005
Seguidores
Acessos
"Gato em cima do muro - II"
Acrílico sobre tela, 30 X 40 cm., 1997
"Máscara"
Arte digital, 30 X 40 cm., 2001
Sem Título
Bico de pena (1978), colorizado no Photoshop
"Guru"
Acrílico sobre duratex, 50 X 60 cms. (1983)
"Metafísica da garrafa"
Acrílico sobre tela, 30 X 40 cm., 1985
"Guitarrista"
Acrílico s/. duratex, 50 X 60 cm., 1984
"Peixes - II"
Acrílico sobre tela, 30 X 40 cm., 1999
"Peixes - I"
Acrílico sobre tela, 55 X 65 cm., 1995
"Transição - II"
Acrílico sobre tela, 100 X 115 cm., 1997
"Peixes - IX"
Acrílico sobre tela, 30 X 40 cm., 2000
"Nu"
Desenho e computação gráfica, 33 cm. X 44 cm., 2001